Ainda hoje não teríamos a matriz das Cachoeiras se não conhecesse a freguesia a fortuna de vir nela residir o prestante cidadão Antônio Francisco Moreira (avô de Rubens Penedo e que deu nome a Rua Moreira), que fez construir a expensas suas. – In O Itabira (1866).
CULTO RELIGIOSO – Em 1854, o Barão de Itapemirim, Inácio de Loiola e Silva e Pedro Dias do Prado faziam doação de um terreno para ereção, no local, da primeira capela. Na mesma ocasião, o Presidente da Província, Sebastião Machado Nunes, nomeava uma comissão para a realização da magna tarefa. Passaram-se dois anos sem que nada acontecesse, até que, finalmente, a 16 de julho de 1856, a Lei Providencial nº 11 criava a freguesia de São Pedro das Cachoeiras, ligada ao Município de Itapemirim. Nesse mesmo dia, em um dos cômodos de um velho armazém do Barão de Itapemirim, em Baiminas, o Padre Manoel Leite Sampaio Mello, (que também batizava e casava, com a ajuda de outros padres), celebrou a primeira missa. O primeiro vigário nomeado foi o Padre Francisco de Assis Pereira Gomes, que permaneceu dois anos no cargo (1859 a 1861), quando se dirigiu as Minas Gerais. Profanações cometidas por populares determinaram que fosse abandonado o precário local. Os poucos pertences que ali havia foram doados pelo Barão de Itapemirim (alguns ornamentos que ficaram no Aldeamento Imperial Afonsinho) e por Inácio de Loiola e Silva e Pedro Teixeira Duarte (o oratório e as imagens). A pobreza de recurso dessa sede paroquial foi alvo de críticas de Pedro Leão Veloso, então presidente da Província.
CAPELA – o mencionado padre Sampaio e Melo, segundo o historiador Levy Rocha, teria chegado, como terceiro vigário encomendado da freguesi no segundo semestre de 1860. Recebendo do Presidente do Espírito Santo a quantia de um conto e quinhentos reis para as obras de construção da Igreja, ele teria escalado o negociante Manoel José de Araújo Machado e o Tenente Sabino José Coelho, para integrarem uma comissão, da qual o próprio vigário seria o tesoureiro, com a finalidade de levar a frente a empreitada. Consta que em meados de 1861 a quantia inicial já seria de maior vulto, graças as contribuições de alguns paroquianos, bem como da Assembleia Provincial. No entanto, inúmeras dificuldades impediriam a realização do almejado projeto, entre elas a terrível enchente de 1862.
Encontrava-se em andamento, ao mesmo tempo, do lado norte da cidade, uma capela que o fazendeiro português Antônio Francisco Moreira mandara construir em homenagem ao Divino Espírito Santo. O fazendeiro conseguiu dar término à construção em maio de 1863, constituindo-se assim a capela no primeiro templo católico de Cachoeiro. A igreja foi doada à Província, por Antônio Francisco Moreira (que fora responsável por todas as despesas da construção) e serviu como Matriz do lugar durante alguns anos. Juntamente com o templo, o povoado ao lado da capela, substituindo assim o cemitério velho, que estava localizado no morro da Palha.
A capela do Divino, construída com materiais que não eram os mais apropriados, não resistiu à passagem do tempo, e muito menos as enchentes de 1867, 1872 e 1875, que chegaram a causar abalos irreparáveis na frágil estrutura.
Com o prédio totalmente arruinado, o vigário Sampaio determinou a transferência das imagens para a capela que mandara construir, para uso da família, o Capitão Francisco de Souza Monteiro.
A capela de Nosso Senhor dos Passos foi doada à paróquia, passou por diversas reformas em 1882 e começou a funcionar como matriz de Cachoeiro em 1884, já dedicada a São Pedro Apóstolo, padroeiro da cidade.
O comerciante Manoel Jose de Araújo Machado, por sua vez, doara um terreno do lado sul da cidade, onde foi construída a Igreja de São João, onde mais tarde seria levantado o Mercado Municipal. Antônio Marins, já em 1920, menciona a demolição da capela, que seria sacrificada para atender-se a melhoramentos da cidade. Quanto à Capela de Nossa Senhora da Penha, ao lado da Santa Casa de Misericórdia, sabe-se que a educadora Graça Guardia teve importante atuação para que ela fosse construída.